23 de fev. de 2009

SOMMELIER DO MEU SER


SOMMELIER DO MEU SER

Cama posta, linho branco, luz de velas.
A lua cheia invade através da fina cortina.
Sob a noite e o olhar indiscreto das estrelas,
entrego-me completa, mulher, tua menina.

Teus olhos nos meus nus, desvendar de almas.
Corpos colados, sentindo cada curva e o calor,
os braços abertos, mãos unidas pelas palmas,
nós dois entregues a este momento de amor.

Invade-me inteira, faz da minha boca tua taça,
derrama teu vinho, embriaga-te em meu corpo.
Prova o sabor da uva em minha pele, me abraça.
No entreabrir dos lábios, sente o desejo no sopro.

Sommelier do meu ser degustas neste prazer,
meu aroma , o gosto particular, minha textura.
Sobre os meus seios, deixas o vinho tinto escorrer,
lambes por onde desce, inebrias nessa loucura.

Prendes-me junto a ti, envolves-me, enlaças.
Tateias-me toda, exploras cada entranha.
Nesta busca desvairada queimamos feito brasa,
enquanto, suavemente, minhas costas arranhas.

Na perdição, em que me tomas até a ultima gota,
fico zonza em tuas mãos, instinto desperto, arrepio.
Ébria no ressoar do gemido que d’alma brota,
puxo-te para dentro de mim na urgência do delírio.

No entorpecer da bebida e de nossa libido liquefeita,
o alvo lençol fica tingido de carmim e voluptuosidade.
Com o vício do amor saciado na madrugada perfeita,
aconchegas-me em teus braços donde irradio só
felicidade.

Drica de Assis
22/02/2009